Fundação Padre Albino
COVID-19: isolamento social é extremamente necessário, ressaltam autoridades
Mauro Assi
sábado, 20 de junho, 2020

Na manhã deste sábado (20) foi realizada entrevista coletiva, pela plataforma Teams, coordenada pelo Promotor Público de Catanduva Dr. André Luiz Nogueira da Cunha, e participação dos hospitais de Catanduva e Novo Horizonte, prefeituras, secretarias de Saúde e Ministério Público com a imprensa de Catanduva e região sobre a falta de medicamentos do kit de intubação de pacientes em UTIs, o que pode colapsar a saúde, fato ocasionado pelo COVID–19.

Após a abertura feita pelo Dr. André, o promotor público Dr. José Guilherme Silva Augusto falou sobre o problema que ocorre no Brasil e não é ocasionado pela falta de recursos e sim de produção industrial. Informou que nos dias 14 e 29 de maio o Conselho Nacional de Secretários de Saúde havia comunicado ao Ministério da Saúde sobre a falta desses sedativos e relaxantes, inclusive que em alguns Estados o estoque já estava esgotado. Em junho, a Sociedade Brasileira de Anestesiologia alertou a ANVISA, os Conselhos Federal e Estadual de Medicina os Ministérios Públicos e as Secretarias estaduais de Saúde sobre a escassez, inclusive preocupada com a situação, desfavorável para médicos e pacientes.

Dr. José Guilherme lembrou que no dia 10 de junho, após ofício encaminhado pela Fundação Padre Albino à promotora de justiça da área da Saúde, Dra. Cynthia Casseb Nascimben Galli, esta apurou que os hospitais de Catanduva também estavam enfrentando esse problema. Coletiva à imprensa foi realizada pelos hospitais de Catanduva no dia 12 de junho informando sobre a gravidade da situação, pedindo a colaboração no sentido de conscientizar a população para a necessidade das medidas de prevenção. Nova reunião foi realizada nesta sexta-feira (19), com a participação dos promotores de justiça, prefeitos dos 19 municípios, secretários de saúde, médicos e hospitais para informar sobre a situação e a necessidade de medidas urgentes e enérgicas no sentido do isolamento social, evitando aglomeração, festas etc.

Em seguida falaram o Dr. Guilherme Melo Ferreira, da Santa Casa de Novo Horizonte, e o Dr. Marco Peruchi, do Hospital São Domingos, sobre a dificuldade na aquisição desses medicamentos.

A diretora de Saúde e Assistência Social da Fundação, Renata Rocha Bugatti, informou que o Plano de Contingência elaborado previu a disponibilização de leitos de Enfermaria e UTIs para atendimento do COVID-19 e que se eles chegassem a ser totalmente ocupados, a referência para Catanduva e os 18 municípios atendidos seria inicialmente a Santa Casa de Novo Horizonte e após o Hospital de Base de Rio Preto.  Segundo ela, hoje a taxa de ocupação na Unidade para Respiratórios Agudos, que atende pacientes confirmados e suspeitos, é de 90% para Enfermaria e 50% para UTI.

Renata fez apelo para que a população entenda que as medidas de prevenção são necessárias, pois a curva de contágio está ascendente e acelerada e que se não houver comprometimento em meados de julho pode haver uma catástrofe, com possibilidade de decretação de lockdown*. “O melhor tratamento para o COVID é a prevenção; está na mão da população acreditar que o vírus existe”, disse.

O Dr. Luís Fernando Colla, diretor médico do Hospital Padre Albino, disse que foram tomadas medidas para substituição de medicamentos, sem prejuízo para os pacientes, negociação com fornecedores e ajuda de hospitais parceiros. E também fez apelo à população. “É importante que a população entenda da necessidade do cumprimento das medidas de prevenção para que tenhamos capacidade para enfrentarmos a pandemia”.

O prefeito de Novo Horizonte, também médico, Dr. Toshio Toyota, fez questão de ressaltar a clara situação de possível catástrofe em função da falta de insumos ou da rede de atendimento saturada. Também apelou para a conscientização da população e destacou o importante trabalho da imprensa nesse sentido.

 A promotora pública, responsável pela área da saúde, Dr. Cynthia Galli, citou o recebimento do ofício da Fundação Padre Albino, a checagem feita sobre o estoque desses medicamentos e disse que se a situação não for solucionada o governo deverá adotar novas medidas. “Não existe solução do problema a curto prazo”, disse e fez apelo à população para que se envolva e cumpra as medidas de isolamento social. Dra. Cynthia informou que em algumas cidades da região a taxa de ocupação dos leitos chegou a 100% e por isso a população precisa colaborar, ajudando a sua cidade a manter o comércio aberto, mas indo às compras sozinha, sem família – filhos, pais idosos. “Saia somente para o que for estritamente necessário; saia, mas com medidas de prevenção”, recomendou. Com isso, Dr. Cynthia disse que a cidade entra em  nova fase para que outras atividades sejam liberadas, como academias e salões de beleza. “Não existe estrutura de saúde que suporte o aumento da curva”, disse, também ressaltando a importância do papel da imprensa na conscientização da população.

O secretário de Saúde de Catanduva, Ronaldo Carlos Gonçalves Junior, disse que hoje Catanduva tem 355 casos positivos e 17 óbitos e que nas regiões de Rio Preto e Catanduva a taxa de letalidade é altíssima. Informou que já está sendo estudado novo sistema de fiscalização e que medidas mais drásticas poderão ser tomadas.

O promotor Dr. André Luiz Nogueira da Cunha, além de promotor da improbidade administrativa também responde pela promotoria do consumidor. Ele informou sobre a existência de legislação criada no início da pandemia, em março, que dá poder de requisição ao Estado (governos), ou seja, em casos de urgência e emergência requisitar serviços. leitos e produtos, não importando onde estiver.

Na fase de perguntas da imprensa a Dra. Cynthia Galli disse que hoje Catanduva está na Fase Laranja em função da ampliação dos leitos e que o problema da falta de medicamentos não estava prevista no Plano São Paulo, mas que existe a possibilidade da decretação de lockdown. O município tem autonomia para isso, mas tudo depende da avaliação do quadro do momento.

Encerrando a coletiva, o promotor Dr. André Luiz Nogueira da Cunha agradeceu a participação da imprensa e clamou pela responsabilidade da população.

 

·         Lockdown é termo que também pode ser usado em outras situações de emergência em que as pessoas não devem sair de casa para preservar sua segurança. É com esse sentido que a palavra ganhou maior notoriedade nesses tempos do novo coronavírus e da Covid-19.