Na manhã deste sábado (20) foi realizada entrevista coletiva, pela plataforma Teams, coordenada pelo Promotor Público de Catanduva Dr. André Luiz Nogueira da Cunha, e participação dos hospitais de Catanduva e Novo Horizonte, prefeituras, secretarias de Saúde e Ministério Público com a imprensa de Catanduva e região sobre a falta de medicamentos do kit de intubação de pacientes em UTIs, o que pode colapsar a saúde, fato ocasionado pelo COVID–19.
Após a abertura feita pelo Dr. André, o promotor público Dr. José Guilherme Silva Augusto falou sobre o problema que ocorre no Brasil e não é ocasionado pela falta de recursos e sim de produção industrial. Informou que nos dias 14 e 29 de maio o Conselho Nacional de Secretários de Saúde havia comunicado ao Ministério da Saúde sobre a falta desses sedativos e relaxantes, inclusive que em alguns Estados o estoque já estava esgotado. Em junho, a Sociedade Brasileira de Anestesiologia alertou a ANVISA, os Conselhos Federal e Estadual de Medicina os Ministérios Públicos e as Secretarias estaduais de Saúde sobre a escassez, inclusive preocupada com a situação, desfavorável para médicos e pacientes.
Dr. José Guilherme lembrou que no dia 10 de junho, após ofício encaminhado pela Fundação Padre Albino à promotora de justiça da área da Saúde, Dra. Cynthia Casseb Nascimben Galli, esta apurou que os hospitais de Catanduva também estavam enfrentando esse problema. Coletiva à imprensa foi realizada pelos hospitais de Catanduva no dia 12 de junho informando sobre a gravidade da situação, pedindo a colaboração no sentido de conscientizar a população para a necessidade das medidas de prevenção. Nova reunião foi realizada nesta sexta-feira (19), com a participação dos promotores de justiça, prefeitos dos 19 municípios, secretários de saúde, médicos e hospitais para informar sobre a situação e a necessidade de medidas urgentes e enérgicas no sentido do isolamento social, evitando aglomeração, festas etc.
Em seguida falaram o Dr. Guilherme Melo Ferreira, da Santa Casa de Novo Horizonte, e o Dr. Marco Peruchi, do Hospital São Domingos, sobre a dificuldade na aquisição desses medicamentos.
A diretora de Saúde e Assistência Social da Fundação, Renata Rocha Bugatti, informou que o Plano de Contingência elaborado previu a disponibilização de leitos de Enfermaria e UTIs para atendimento do COVID-19 e que se eles chegassem a ser totalmente ocupados, a referência para Catanduva e os 18 municípios atendidos seria inicialmente a Santa Casa de Novo Horizonte e após o Hospital de Base de Rio Preto. Segundo ela, hoje a taxa de ocupação na Unidade para Respiratórios Agudos, que atende pacientes confirmados e suspeitos, é de 90% para Enfermaria e 50% para UTI.
Renata fez apelo para que a população entenda que as medidas de prevenção são necessárias, pois a curva de contágio está ascendente e acelerada e que se não houver comprometimento em meados de julho pode haver uma catástrofe, com possibilidade de decretação de lockdown*. “O melhor tratamento para o COVID é a prevenção; está na mão da população acreditar que o vírus existe”, disse.
O Dr. Luís Fernando Colla, diretor médico do Hospital Padre Albino, disse que foram tomadas medidas para substituição de medicamentos, sem prejuízo para os pacientes, negociação com fornecedores e ajuda de hospitais parceiros. E também fez apelo à população. “É importante que a população entenda da necessidade do cumprimento das medidas de prevenção para que tenhamos capacidade para enfrentarmos a pandemia”.
O prefeito de Novo Horizonte, também médico, Dr. Toshio Toyota, fez questão de ressaltar a clara situação de possível catástrofe em função da falta de insumos ou da rede de atendimento saturada. Também apelou para a conscientização da população e destacou o importante trabalho da imprensa nesse sentido.
A promotora pública, responsável pela área da saúde, Dr. Cynthia Galli, citou o recebimento do ofício da Fundação Padre Albino, a checagem feita sobre o estoque desses medicamentos e disse que se a situação não for solucionada o governo deverá adotar novas medidas. “Não existe solução do problema a curto prazo”, disse e fez apelo à população para que se envolva e cumpra as medidas de isolamento social. Dra. Cynthia informou que em algumas cidades da região a taxa de ocupação dos leitos chegou a 100% e por isso a população precisa colaborar, ajudando a sua cidade a manter o comércio aberto, mas indo às compras sozinha, sem família – filhos, pais idosos. “Saia somente para o que for estritamente necessário; saia, mas com medidas de prevenção”, recomendou. Com isso, Dr. Cynthia disse que a cidade entra em nova fase para que outras atividades sejam liberadas, como academias e salões de beleza. “Não existe estrutura de saúde que suporte o aumento da curva”, disse, também ressaltando a importância do papel da imprensa na conscientização da população.
O secretário de Saúde de Catanduva, Ronaldo Carlos Gonçalves Junior, disse que hoje Catanduva tem 355 casos positivos e 17 óbitos e que nas regiões de Rio Preto e Catanduva a taxa de letalidade é altíssima. Informou que já está sendo estudado novo sistema de fiscalização e que medidas mais drásticas poderão ser tomadas.
O promotor Dr. André Luiz Nogueira da Cunha, além de promotor da improbidade administrativa também responde pela promotoria do consumidor. Ele informou sobre a existência de legislação criada no início da pandemia, em março, que dá poder de requisição ao Estado (governos), ou seja, em casos de urgência e emergência requisitar serviços. leitos e produtos, não importando onde estiver.
Na fase de perguntas da imprensa a Dra. Cynthia Galli disse que hoje Catanduva está na Fase Laranja em função da ampliação dos leitos e que o problema da falta de medicamentos não estava prevista no Plano São Paulo, mas que existe a possibilidade da decretação de lockdown. O município tem autonomia para isso, mas tudo depende da avaliação do quadro do momento.
Encerrando a coletiva, o promotor Dr. André Luiz Nogueira da Cunha agradeceu a participação da imprensa e clamou pela responsabilidade da população.
· Lockdown é termo que também pode ser usado em outras situações de emergência em que as pessoas não devem sair de casa para preservar sua segurança. É com esse sentido que a palavra ganhou maior notoriedade nesses tempos do novo coronavírus e da Covid-19.