Objetivo é estimular a troca de experiências entre os profissionais da saúde com relação ao processo de doação de órgãos.
A sexta edição do Simpósio de Doação, Captação e Transplante de Órgãos e Tecidos da Fundação Padre Albino foi realizada no complexo esportivo da Unifipa, nesta terça-feira (26/09). O simpósio faz parte da campanha nacional Setembro Verde, que reforça a importância sobre a doação de órgãos, quando é lembrado o Dia Nacional de Doação de Órgãos (27 de setembro).
Com 170 inscritos, o evento foi voltado para profissionais da saúde e acadêmicos, contou com palestras e momentos de perguntas, onde o público tirou dúvidas a respeito do tema apresentado. “Esse é excelente momento para compartilhar conhecimento e ampliar a conscientização sobre o assunto. Esse tema deve ser abordado dentro de casa, pois é com a família que devemos defender a vontade de salvar vidas”, destacou Simone Trovó, gerente de Gestão do Cuidado, que fez a abertura do simpósio.
Em seguida, Regiane Sampaio, supervisora da OPO – Organização de Procura de Órgãos e RT do Banco de Olhos do HB/Rio Preto, abriu o ciclo de palestras para falar sobre ‘Processo de doação de órgãos no Brasil’, país que se destaca no programa de transplantes. “O Brasil tem o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, e o Sistema Único de Saúde (SUS) é responsável pelo financiamento de cerca de 95% dos transplantes no país, com diagnóstico de morte cerebral rigoroso, o que permite”, citou Regiane, frisando que a efetivação da doação se dá pela forma como os familiares são abordados. “O trabalho dos setores responsáveis é o de conscientizar a família, até em 2º grau de parentesco, sobre a importância da doação. Tirar dogmas e crendices para que a doação seja realmente efetivada. O processo todo leva 24h até a retirada para o transplante”.
Regiane Sampaio, supervisora da OPO – Organização de Procura de Órgãos (Foto: Comunicação FPA)
Na sequência, a coordenadora de Enfermagem da UTI do Hospital Padre Albino, Marcela Kauffurmann, abordou sobre os cuidados que a enfermagem deve observar ao tratar com pacientes neurocríticos (comprometimento neurológico), possíveis doadores. “Objetivo é, depois das tratativas de manter o paciente crítico intensivo vivo, descrever os processos que culminam na morte cerebral, para que a equipe envolvida esteja apta a elaborar o processo de doação. Esse profissional deve estar atento a todos os protocolos”, disse a palestrante.
Enfermagem da UTI do Hospital Padre Albino, Marcela Kauffurmann. (Foto: Comunicação FPA)
Convidado para falar sobre os ‘diagnósticos de Morte Encefálica’, o médico especialista em Neurologia, Dr. Renan Cenize Guardia, exemplificou as diversas formas de se constatar o óbito em pacientes neurocríticos, cumprindo os protocolos. “São exames baseados em sólidas e reconhecidas normas médicas. Entre outras coisas, os testes incluem exame clínico para mostrar que o ente querido não tem mais reflexos cerebrais e não pode mais respirar por si próprio”, relatou o médico.
Médico especialista em Neurologia, Dr. Renan Cenize Guardia. (Foto: Comunicação FPA)
Fechando o ciclo de palestras, e enfermeira do centro cirúrgico do HPA, Rosevania Colturato, expôs os procedimentos prévios que o profissional de enfermagem deve observar no processo de captação de múltiplos órgãos, como o ambiente preparado, os tipos de instrumentos utilizados pela equipe de captação, acomodações dos órgãos entre outros. “Só após todo checklist verificado, recebemos o doador”, disse Rosevania.
Enfermeira do centro cirúrgico do HPA, Rosevania Colturato. (Foto: Comunicação FPA)
Os hospitais da Fundação Padre Albino são referência na região em captação de órgãos e tecidos. Segundo dados da CIHDOTT - Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes da FPA de janeiro a setembro deste ano foram 9 protocolos nas unidades HPA e HEC, destes foram doados 2 corações, um coração para valvas cardíacas, 2 pulmões, 6 fígados, 8 rins, 8 córneas, um pâncreas e uma doação ossos. Para o responsável da comissão, Carlos Manicini Gomes, o trabalho de conscientizar as famílias determina a efetivação da doação. “Somos hospitais de alta complexidade; com isso nos deparamos frequentemente com pacientes graves que podem evoluir para morte encefálica, possíveis doadores de órgãos, preciosos órgãos que podem devolver a vida à outras pessoas. Durante todo o ano, a CIHDOTT faz abordagens com o objetivo de informar às famílias de como esse ato pode beneficiar para que a vida continue. Essa é a nossa missão, transformar um momento de dor para uns, em momentos de alegria para outros”, salientou
Fotos: Comunicação FPA.