Ambientes domésticos são cenário de 77% dos acidentes. Hospital Padre Albino reforça atendimento gratuito via SUS apesar dos altos custos.

Estima-se que no Brasil, todos os anos, cerca de um milhão de pessoas são vítimas de queimaduras. De acordo com dados do Ministério da Saúde, 77% dos casos acontecem em ambientes domésticos – sendo crianças (92%) e idosos (84,4%) os mais vulneráveis. As hospitalizações também são frequentes, com registro de 150 mil internações anuais causadas por lesões capazes de afetar a pele, músculos, tendões e ossos.

Na Unidade para Tratamento de Queimados do Hospital Padre Albino o número de internações de janeiro a junho deste ano chegou a 65,48% a mais do total de pacientes atendidos durante todo o ano de 2023. Foram 129 atendimentos só neste primeiro semestre, enquanto que em 2023 ocorreram 197 internações, conforme dados do Relatório de Atividades da Fundação Padre Albino.

A UTQ do HPA é referência nacional para o cuidado de pacientes vítimas de acidentes com queimaduras. A entrada de pacientes é realizada por meio da CROSS (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde) da Secretaria Estadual da Saúde. Em 2023, do total de internações, a unidade atendeu 49 pacientes dos 19 municípios da microrregião e 148 de outras localidades.

As maiores causas de internações são por chama direta, quando o fogo atinge diretamente o corpo. Somente neste primeiro semestre foram 57 casos registrados, aumento de 64% se comparado com o total de acidentes registrados de janeiro a dezembro de 2023. Outros casos de maior incidência aconteceram por agente químico (1), fontes de calor (5), eletricidade (8), por algum tipo de contato (4), por asfalto (7) e por agentes líquidos (46).

Os acidentes domésticos estão em maior quantidade de registros. Juliana Moura, 26 anos, moradora de Birigui/SP, foi uma das pacientes que se acidentaram com explosão por vazamento de gás. Em setembro do ano passado, ela sofreu queimaduras em 67% do corpo, ficando quatro meses internada na UTQ do Hospital Padre Albino. “O atendimento foi fundamental para minha recuperação, pois tive o acompanhamento de especialistas extremamente competentes e dedicados. Hoje só agradeço por estar viva”, conta.

Os tratamentos, que incluem procedimentos avançados, uso de medicamentos de alto custo e suporte de equipe multiprofissional altamente qualificada têm sido fundamental para que pacientes de diversas faixas econômicas possam ter acesso a cuidados de excelência sem arcar com despesas. Heliton Wagner Benetelli, diretor administrativo financeiro da Fundação Padre Albino, destacou o compromisso da instituição em manter 95% do atendimento na UTQ via SUS, apesar dos desafios financeiros. "Sabemos que o custo de um paciente queimado é elevado, dado o tratamento especializado necessário, o uso de medicamentos caros e a demanda por equipe multiprofissional. Ainda assim, conseguimos oferecer tudo isso de forma gratuita para o paciente, sempre pensando no seu restabelecimento. Isso só é possível graças à gestão eficiente dos recursos da Fundação Padre Albino como um todo – Saúde, Educação, Assistência Social e atividade meio", afirmou Benetelli.

Campanhas de alerta e prevenção, como Junho Laranja, são veiculadas anualmente em outdoors e nos hospitais da FPA, em alusão ao Dia Nacional de Luta contra Queimaduras, em 6 de junho, instituído pela Lei 12.026/2009. “Anualmente temos esse momento para intensificar a conscientização da população sobre a importância de adotar medidas preventivas. Queimadura é um preço muito caro que se paga por um descuido, uma desatenção ou um minuto de distração. Daí a importância de se divulgar as medidas preventivas e reforçar esse tema para a população”, ressalta a gerente de Marketing da FPA, Maria Candida Gil Fernandes Vitral.

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