Cinco horas e quinze minutos foi o tempo de duração da cirurgia de captação de múltiplos órgãos realizada ontem, 30 de outubro, no Hospital Padre Albino. O doador, de 33 anos, teve morte encefálica diagnosticada, no dia 29, na UTI do Hospital Padre Albino. A captação do coração, pulmões, rins, fígado e córneas ocorreu no dia 30. Todos os órgãos já foram transplantados com sucesso.
Os órgãos seguiram para cidades distintas. O coração e os rins para Botucatu, os pulmões para São Paulo, o Fígado para Campinas e as córneas para São José do Rio Preto. “Somos gratos a família que, mesmo em um momento de dor e perda, teve um gesto tão nobre ao aceitar a doação e salvar tantas pessoas e principalmente possibilitar qualidade de vida aos receptores que aguardam na lista de espera muitas vezes, sem sucesso”, agradeceu o coordenador da Comissão Intra-Hospitalar de Transplantes (CIHT), Prof. Dr. Jorge Luis dos Santos Valiatti, que ressaltou o trabalho da equipe em todos as suas fases, incluindo o acolhimento dos familiares, diagnóstico da morte encefálica, cuidados com o potencial doador, retirada e conservação dos órgãos e transporte até o implante. “A retirada é um procedimento minucioso em que os profissionais dentro da sala de cirurgia lidam com o tempo para que estes órgãos, após captados, sejam adequadamente preservados em soluções específicas até que cheguem ao seu destino no curto espaço de horas de isquemia”. Os órgãos com menor tempo de isquemia – tempo de retirada do órgão e transplante – são: o coração, 4 horas, e o pulmão, de 4 a 6 horas. As equipes de captação de órgãos contaram com o apoio do setor de Transporte da Fundação Padre Albino para, rapidamente, levá-las até o aeroporto de São José do Rio Preto para seguirem destino aos pacientes que já aguardavam para serem transplantados. “O processo envolve, após a detecção da morte encefálica e a autorização dos familiares, cuidados específicos intensivos com o potencial doador, no sentido de que os órgãos a serem captados mantenham sua viabilidade. Estes cuidados interferem diretamente no sucesso e na efetivação do processo”, finalizou o coordenador.
Dados divulgados pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos e Ministério da Saúde apontam que em 2018, havia 33.454 pessoas na fila de espera geral para transplante. 152 novas pessoas ingressaram na fila por um pulmão naquele ano, 35 morreram aguardando e foram realizados 121 transplantes do órgão. Ainda em 2018, 450 novas pessoas ingressaram na fila por um coração, 132 morreram aguardando e foram realizados 358 transplantes do órgão.
Captação da Fundação
No ano de 2019, a Fundação Padre Albino, por meio dos Hospitais Emílio Carlos e Padre Albino, realizou 92 entrevistas familiares, que resultaram em 12 captações de múltiplos órgãos, sendo 1 coração para válvulas cardíacas, 1 coração, 2 pulmões, 24 rins, 22 fígados e 112 córneas.
Em 2018, foram realizadas 141 entrevistas com familiares, sendo que resultaram em 87 doações de órgãos, sendo 66 captações de córneas e 21 de múltiplos órgãos (fígados, rins e pâncreas). Em 2017, foram feitas 48 entrevistas revertidas em 28 doações, sendo 10 de múltiplos órgãos e 18 de córneas. Em 2016 foram registrados 37 doadores e 2015 um total de 25.